quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ele: Olá...
Ela: Olá.
Ele: Como você anda?
Ela: Bem...
Ele: Queria te ver.
Ela: Tenho que abrir mão das promessas?
Ele: Posso dizer que te amo.
Ela: Te amo é promessa. De amor.
Ele: Tudo é, beijo, abraço, carinho...
Ela: É.
Ele: Podemos falar sobre isso, se quiser.
Ela: E se eu te ligar chorando depois?
Ele: Eu choro com você.
Ela: Porque não me ama de verdade?
Ele: Eu te amo de verdade.
Ele: Vamos?
Ela: Vamos.
Ele: Amo você por isso.
Ela: Eu sei.
E eu que luto contra os meus defeitos? Não havia mais jeito de concertar, se não por tirar essa dor do peito e entender que o meu erro fez você me odiar. A minha insatisfação não vai causar impressão, o meu destino cruel não vai chamar sua atenção, a minha qualquer intenção não vai causar impressão. E foi difícil, que sufoco! Quando não mais vi um sorriso, você forçou.

Fico pensando que ninguém se cura de nada. Nunca. E que a dor são poros, por onde transpira a escrita. Tudo sobra em mim e ao mesmo tempo não há nada em mim, nem ninguém. Eu sofro de nada. De ninguém.